Selma do Linhão — Uma mulher empoderada


Selma Martins dos Santos de Almeida, mais conhecida como "Selma do Linhão", nascida em Conceição do Lago-Açu no dia 21 de setembro de 1981, é uma ativista social e uma das principais fundadoras da Associação dos Moradores da Ocupação do Linhão (Ocupa), localizada no Complexo Jardim Ipiranga e Tropical, em Parauapebas.

De origem pobre, ela migrou com sua família de São Luís, capital do Maranhão, para o município de Parauapebas, no estado do Pará, em busca de uma vida melhor. Foi vice-presidente da Ocupa, período em que ficou conhecida como "Selma do Linhão".

Reside em Parauapebas há mais de uma década, junto com o esposo e três filhas. A ativista relata que um dos maiores desafios de um brasileiro de baixa renda é conquistar sua casa própria.

O sonho da casa própria motivou Selma a lutar por moradia para dezenas de famílias da Ocupação do Linhão. No Brasil, ganhar uma moradia ou participar dos programas habitacionais do governo nas três esferas administrativas (municipal, estadual e federal) é uma luta árdua, e em Parauapebas não é diferente. A burocracia do nosso sistema é lenta, fazendo a espera demorar anos, mas, com muita insistência, é possível acelerar o sistema e destravar as conquistas. 

Com essa persistência, estou na corrida em busca de moradia própria para mais de 700 famílias que moram no Bairro Tropical, mais precisamente na área conhecida como Ocupação do Linhão, local que recebeu esse nome por ficar na "faixa de servidão" das duas linhas de transmissão de energia da Eletronorte, que atendem à Vale (nos projetos Onça Puma, S11D e Sossego) e também a outros municípios do sul e sudeste do Pará. "Então, por não termos condições de pagar aluguel e outro lugar para ir, ocupamos a área", destaca a ativista.

Selma do Linhão lembra que desde o levantamento dos primeiros barracos, não foi fácil. "Sofremos muito pela falta de políticas públicas e reconhecimento dos nossos direitos garantidos na Constituição Federal, durante a gestão municipal de (2013 – 2016). Nossa! Foram momentos difíceis, que nem gosto de lembrar".

Ela recorda que tudo começou quando, um certo dia, foi com a família ao Bairro Tropical para admirar a possibilidade de morar naquele complexo de bairros. Ao chegar lá, estava ocorrendo uma ação de desapropriação. As famílias estavam ali se sentindo ameaçadas, até que uma companheira se aproximou e pediu para ela falar com a imprensa em nome daquela comunidade. Depois disso, foi eleita vice-presidente daquela Ocupação, e já são mais de sete anos lutando em prol de moradia própria para os associados e associadas daquela organização social.

Nossas Conquistas — Diante de todos esses anos já citados, pode-se dizer que somamos resultados positivos. Foram muitas reuniões, audiências, manifestações e protestos, mas, através da gestão municipal (2017 – 2020), muitas famílias conseguiram obter seu direito à moradia, sendo contempladas em programas habitacionais, com lote urbanizado. No entanto, muitos ainda estão na lista de espera, e acredito que também serão contemplados.

Ações — Durante todo este tempo, nós da associação desenvolvemos várias ações sociais e culturais dentro da Ocupação, entre elas eventos com sorteios de prêmios e brindes, cursos de capacitação, ações educativas e muitas outras, tudo comprovado pelos meios de comunicação local que sempre foram nossos grandes parceiros e apoiadores na propagação de conteúdo jornalístico a favor da comunidade. Como sempre digo: nossa batalha não é só pela moradia. As pessoas também precisam de emprego, mais acesso às políticas sociais e de cidadania, especialmente os nossos jovens que serão o futuro de amanhã.

Lembrança — Selma reconhece que os desafios são grandes, mas ela não se abala. Pelo contrário, sempre estará na batalha por justiça e direitos sociais.

Ela lembra quando participou, em 2015, do "Movimento Fora Corrupção", sendo porta-voz da comunidade, em uma entrevista ao Programa Fantástico, que na época fazia reportagem sobre uma Operação do Ministério Público do Estado do Pará que investigava fraudes na Câmara Municipal de Parauapebas. A reportagem foi exibida em rede nacional pela Rede Globo de Televisão.

Para Selma do Linhão, a união fortalece o movimento, e assim segue. "Tudo que conseguimos hoje foi resultado de muita dedicação e perseverança. Desistir não faz parte do meu eu. Jamais vou sair da causa das famílias da Ocupação do Linhão, até elas ganharem suas moradias. Tenho vários sonhos para conquistar, e um deles é ver todos em sua casa própria e felizes".

Essa é Selma do Linhão, uma mulher empoderada, uma mulher de fibra e coragem que vai continuar lutando por uma comunidade que confia fielmente em seu potencial.

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