Morre aos 83 anos o Mestre Dikinho em Soure, na Ilha do Marajó. Foto: Priscila Cobra |
Soure, Ilha do Marajó, 17 de julho de 2024 — A música e a cultura popular do Pará estão de luto com o falecimento de Raimundo Miranda Amaral, conhecido carinhosamente como Mestre Dikinho. Aos 83 anos, Mestre Dikinho nos deixou após enfrentar complicações relacionadas à diabete e instabilidade da pressão arterial, seguindo uma amputação de um dedo do pé.
Nascido em 07 de julho de 1941, Mestre Dikinho foi um ícone da música marajoara e paraense. Desde cedo, sua vida foi marcada pela paixão pelo carimbó, toadas de boi, sambas enredo, bossas, lundus e xotes, além de sua habilidade como artesão na construção de bois-bumbás e outros instrumentos de percussão.
Sua jornada artística começou na fazenda Ritlandia, onde se destacou como vaqueiro e foi inspirado por histórias de encantaria que mais tarde se transformariam em composições marcantes. Aos 25 anos, uniu-se a Maria do Carmo, com quem teve seis filhos, compartilhando não apenas a vida familiar, mas também o amor pelas tradições culturais marajoaras.
Mestre Dikinho fundou o boi Sete Estrelas, que se tornou uma figura icônica nas ruas de Soure por nove anos, até uma perda pessoal profunda levá-lo a encerrar a brincadeira. Sua música “Saudade do Meu Boi Bonito” eternizou a memória desse período.
Ao longo de sua carreira, Mestre Dikinho participou ativamente de diversos conjuntos e rodas de carimbó, incluindo o Tradição Marajoara Cruzeirinho e, posteriormente, o Tambores do Pacoval, onde liderou por quase 15 anos as tradicionais Rodas de Carimbó aos sábados.
Sua arte foi um reflexo profundo das riquezas naturais e tradições do Marajó, deixando um legado inesquecível não apenas para a região, mas para toda a Amazônia e além.
Neste momento de luto, lembramos com carinho e gratidão a vida e obra de Mestre Dikinho, cujo talento e dedicação deixaram uma marca indelével na cultura brasileira.
Com informações de Priscila Cobra e Cilene Andrade (AMPAC-SOURE)