Professora de Parauapebas leva Projeto Literário à Semifinal do Prêmio LED


Educação — O projeto
“Versos Revelados, um Caso de Poesia”, desenvolvido por Ideusa Ramalho de Oliveira, professora do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Cepeja) em Parauapebas, colocou a cidade entre as semifinalistas do Prêmio LED – Luz na Educação, promovido pela Rede Globo e Fundação Roberto Marinho. Com uma proposta que reinventa a maneira de estimular a leitura e a escrita, a iniciativa de Ideusa foi selecionada entre mais de 2 mil projetos de todo o Brasil.


Educação além das telas

Em 2021, quando a pandemia revelou desigualdades digitais e educacionais, Ideusa decidiu agir. Inspirada pelas lendas amazônicas, ela criou um projeto que tirou os alunos do isolamento intelectual e os conectou à criatividade. A ideia era simples, mas potente: conduzir os estudantes pela leitura de autores renomados e, a partir disso, incentivá-los a criar suas próprias narrativas.

“Eu não queria apenas adaptar o conteúdo às dificuldades tecnológicas. Queria transformar o aprendizado em algo significativo, algo que fizesse os alunos se reconhecerem no processo”, explica Ideusa. O resultado foi um conjunto de contos autorais que refletiam tanto as inquietações dos estudantes quanto a riqueza cultural da Amazônia.


Uma comunidade mobilizada pela literatura

O impacto do projeto foi imediato. Os contos dos alunos ganharam vida em uma mostra literária, que envolveu não apenas a comunidade escolar, mas também familiares e moradores. A abordagem resgatou o protagonismo dos estudantes e transformou o ambiente escolar em um espaço de criação e troca.

Mais do que um exercício literário, o projeto abriu espaço para debates sobre identidade e expressão. “Os alunos não apenas escreveram, mas também se sentiram ouvidos. A literatura passou a ser uma ferramenta de diálogo com o mundo e consigo mesmos”, ressalta a professora.


Do local ao nacional

O sucesso do “Versos Revelados” se espalhou. Outras escolas da rede municipal começaram a adotar a metodologia, ampliando o alcance da iniciativa. Quando foi inscrito no Prêmio LED, o projeto já havia impactado dezenas de alunos, mostrando como práticas inovadoras podem surgir em contextos desafiadores.

Agora semifinalista, Ideusa está entre os 15 projetos que disputarão a etapa final, onde os vencedores serão definidos por um júri especializado. Os seis premiados serão anunciados em 2025, em uma cerimônia transmitida pela TV Globo.


Reinvenção da educação como prática

O Prêmio LED, que reconhece soluções educacionais inovadoras, é uma iniciativa da Rede Globo e Fundação Roberto Marinho, com auditoria da BDO e curadoria técnica da empresa A Ponte. A seleção do projeto de Ideusa reflete uma abordagem que valoriza a educação não apenas como um direito, mas como uma experiência criativa e transformadora.

“Não desenvolvemos o projeto para receber prêmios, mas para responder a uma necessidade real. Esse reconhecimento é importante porque mostra que a inovação está no fazer cotidiano, não necessariamente em grandes tecnologias”, afirma Ideusa.

Parauapebas agora observa com atenção os próximos passos do projeto, que já ultrapassou os limites da sala de aula para se tornar referência em como a educação pode ser reinventada.


Educação e o respaldo da lei

O sucesso do projeto não é apenas um reflexo da criatividade da professora, mas também do cumprimento de diversas legislações educacionais brasileiras que incentivam práticas inovadoras e inclusivas:

  • Constituição Federal de 1988: O projeto atende ao princípio do pleno desenvolvimento do educando (Art. 205) e valoriza a igualdade de acesso e permanência na escola (Art. 206).
  • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 9.394/1996: Promove a valorização da diversidade cultural (Art. 26) e atende às especificidades da Educação de Jovens e Adultos (Art. 37).
  • Plano Nacional de Educação (PNE) – Lei nº 13.005/2014: Enquadra-se nas metas 7 e 8, que buscam melhorar a qualidade da educação básica e integrar ações para jovens e adultos.
  • Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8.069/1990: Garante o acesso a conteúdos culturais e artísticos como direito dos alunos (Art. 53).
  • Lei nº 10.639/2003 e Lei nº 11.645/2008: Ao trabalhar com lendas amazônicas, o projeto incorpora a valorização da cultura afro-brasileira e indígena.
  • Diretrizes Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos: Estimula metodologias que respeitem as vivências dos alunos e fortaleçam a cidadania.

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