Desde que deixou a Presidência da República em 31 de dezembro de 2022, Jair Bolsonaro tem sido alvo de uma série de investigações e processos judiciais. Ao longo dos últimos 780 dias, diversas tentativas de torná-lo inelegível ou mesmo prendê-lo têm dominado o cenário político e jurídico brasileiro. No entanto, apesar dos inúmeros esforços, Bolsonaro segue livre e mantendo forte influência sobre sua base de apoio, com perspectivas reais de disputar novamente a Presidência da República.
A Justiça brasileira, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem atuado ativamente em casos que envolvem o ex-presidente. Dentre as investigações, destacam-se aquelas relacionadas à disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, os ataques às instituições democráticas, e o caso das joias sauditas. Paralelamente, há processos administrativos e inquéritos que tentam apurar supostos abusos de poder durante seu mandato.
Recentemente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outros 33 por tentativa de golpe de Estado, aumentando ainda mais a pressão sobre o ex-presidente e seu círculo próximo. Vale lembrar que Bolsonaro está inelegível até 2030, conforme decisão do TSE.
Apesar do cerco jurídico, a prisão de Bolsonaro ainda parece distante. Seus aliados denunciam perseguição política, enquanto seus opositores argumentam que as investigações são necessárias para garantir a responsabilização de eventuais crimes. O fato é que, até o momento, Bolsonaro conseguiu driblar qualquer tentativa de detenção e segue como uma figura central na política nacional.
Se, por um lado, Bolsonaro continua relevante no cenário político, por outro, seu desgaste é evidente. As investigações e denúncias enfraquecem sua imagem, principalmente entre eleitores mais moderados. Além disso, sua inelegibilidade até 2030, determinada pelo TSE, representa um grande obstáculo para qualquer pretensão eleitoral direta.
Outro fator de desgaste é o próprio movimento da direita no Brasil, que começa a buscar novas lideranças para representar o conservadorismo nacional. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, são nomes que aparecem como possíveis sucessores do bolsonarismo, caso Bolsonaro fique impedido de disputar eleições futuras.
Mesmo com sua inelegibilidade declarada, Bolsonaro ainda tem chances de retornar ao Palácio do Planalto. Se conseguir reverter sua situação jurídica, pode ser candidato em 2026. Caso contrário, pode apoiar um nome alinhado ao seu projeto político, mantendo grande influência sobre a base eleitoral da direita.
Além disso, o desgaste do governo atual pode abrir espaço para o fortalecimento da oposição, e Bolsonaro, independentemente de sua situação legal, tem o poder de mobilizar milhões de brasileiros. As manifestações populares e sua capacidade de comunicação direta com seus seguidores, especialmente por meio das redes sociais, indicam que ele ainda será uma peça chave na política brasileira nos próximos anos.
Os últimos 780 dias foram marcados por intensas disputas judiciais e políticas envolvendo Jair Bolsonaro. Enquanto seus adversários tentam afastá-lo definitivamente da política, seus aliados seguem firmes na defesa de seu legado e na esperança de um retorno triunfal. O desfecho dessa batalha ainda é incerto, mas uma coisa é clara: Bolsonaro continua sendo um protagonista no cenário político brasileiro, e sua influência ainda será sentida por muito tempo.