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Agricultura familiar em Itaquaquecetuba — Foto: Dayane Oliveira/PMMI |
Um dos efeitos mais imediatos é a perda de mercados de exportação. Quando um país impõe tarifas sobre produtos agrícolas de outro, as vendas internacionais caem. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando os Estados Unidos e a China iniciaram uma guerra comercial. As exportações americanas de soja, milho e carnes foram drasticamente reduzidas após as tarifas impostas pelo governo chinês. Em países como o Brasil, que também exportam esses produtos, essa movimentação gera instabilidade nos preços. Embora, em alguns casos, possa abrir brechas no mercado externo, essa oportunidade muitas vezes favorece grandes produtores, deixando os agricultores familiares em desvantagem.
Além disso, a guerra tarifária impacta diretamente os custos de produção. Insumos como fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes e até máquinas agrícolas são, em grande parte, importados. Quando há aumento de tarifas ou desvalorização cambial associada a esses conflitos, os preços desses produtos sobem, dificultando ainda mais o acesso dos pequenos produtores a recursos essenciais para o cultivo. O resultado é uma queda na produtividade e na renda do agricultor familiar, que já enfrenta desafios estruturais no campo.
No Brasil, durante a intensificação da disputa entre Estados Unidos e China, houve um aumento expressivo na exportação de carnes brasileiras para o mercado chinês. Por um lado, isso foi vantajoso para o setor exportador. Por outro, a maior demanda externa pressionou os preços internos, encarecendo os alimentos para os consumidores brasileiros e, em muitos casos, prejudicando a comercialização direta dos produtos da agricultura familiar no mercado interno.
Para mitigar esses impactos, é essencial que haja políticas públicas voltadas para a proteção da agricultura familiar. Isso inclui incentivos à produção local de insumos, apoio técnico, linhas de crédito acessíveis e estratégias de comercialização que fortaleçam os pequenos produtores diante das flutuações do mercado global. Também é fundamental diversificar os canais de comercialização, fortalecendo feiras locais, programas de compras institucionais e cadeias curtas de abastecimento.
A guerra tarifária afeta muito mais do que as estatísticas do comércio internacional. Ela atinge diretamente os trabalhadores da terra, que dependem da estabilidade para continuar produzindo e alimentando o país. Proteger a agropecuária familiar diante desses conflitos é garantir segurança alimentar, justiça social e desenvolvimento sustentável para o campo.
by Gilberlan Atrox
Técnico agrícola em agropecuária, jornalista e fotógrafo documental
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Sou técnico agrícola em agropecuária, registrado no CFTA, formado pelo Pronera (2010) em parceria com o Incra, o MDA e a Fetaema, e diplomado pelo IFMA.
Jornalista por vocação, registrado no MTE, e fotógrafo documental.